O aumento excessivo de importações prejudica as indústrias brasileiras, as exportações e a criação de mais empregos no país.
No Brasil, um dos efeitos mais visíveis da perda de valor da moeda americana é a invasão dos importados.
Macarrão italiano, molho de tomate americano, fraldas também dos Estados Unidos ou do México. Vinho merlot chileno a R$ 11,98 e nacional mais caro, a R$ 13,90. A boneca fabricada aqui, R$ 12,97, e que veio da China, bem parecida, R$ 8.
É o efeito do dólar barato. Nesta quinta, a moeda americana teve a maior queda para um único dia em cinco meses. Fechou cotada R$ 1,678. No ano, o dólar acumula baixa de quase 4%, resultado da grande quantidade de dólares que chega ao Brasil. Parte vai para a bolsa de valores que, nesta quinta-feira, teve alta de 1,52%.
Mas a indústria brasileira está sofrendo com o dólar baixo. No Salão do Automóvel, as estrelas são os importados. Só fabricantes chineses são nove. E a perda tem dois lados: no mercado interno, os importados chegam com preço acessível e concorrem com os nacionais. No mercado externo, nossos produtos ficam mais caros e perdem participação nas vendas.
Hoje, de cada cem automóveis emplacados no Brasil, quase 20 são importados. Há alguns anos, eram apenas cinco.
“À medida que estamos aumentando excessivamente as importações, estamos gerando empregos fora do país, quando o correto é aumentarmos as exportações e gerarmos empregos no Brasil”, declarou Cledorvino Belini, da Anfavea.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que o pacote americano não ajuda a economia dos Estados Unidos e só prejudica os parceiros comerciais.
“Não adianta ficar jogando dólar de helicóptero na economia, porque isso não fará brotar o crescimento. O único resultado que tem é você desvalorizar o dólar para que os Estados Unidos tenha competitividade maior no comercio internacional. Tanto é verdade que hoje nós estamos com déficit comercial com os Estados Unidos. Isso nos afeta”.
Mas há quem ache que esses dólares podem garantir mais crescimento econômico no Brasil.
“É como se esse dinheiro estivesse queimando na mão das pessoas e elas quisessem ir para lugar que tem crescimento, que tem renda maior, que as empresas aumentam seus lucros, acaba tendo uma oferta de investimento maior, o que é positiva para a economia”, disse o economista Luís Fernando Figueiredo.
Edição do dia 04/11/2010
04/11/2010 21h50 - Atualizado em 05/11/2010 15h24